Que Lost foi um grande fenômeno das séries de TV todos já sabem. Pude acompanhar, no entanto, nos primeiros dias de férias, uma produção norte-americana que mostra claramente o legado deixado pelos perdidos para a indústria de séries dos Estados Unidos.
Refiro-me à The Walking Dead. A série, cuja única temporada teve apenas 6 episódios, bate recordes de audiência para sua estréia nos Estados Unidos e vem fazendo um sucesso mundial.
A trama apresenta um mundo apocalíptico onde zumbis dominam a Terra e os (poucos) sobreviventes tentam encontrar maneiras de superar os mortos-vivos e as próprias dificuldades originadas a partir de um convívio caótico.

Realmente tudo a ver com Lost né?! De início, realmente, nada a ver. Quando comecei a assistir o fiz pois sou fã de filmes de zumbi e ponto. Imaginei que a série não teria história suficiente para durar temporadas e mais temporadas.
Pois bem, me enganei, e agradeço por isso! A série é muito boa. Uma fotografia simplesmente sensacional e, principalmente, por mais que seja clichê afirmar: a série trata de pessoas e não de zumbis.

O caótico mundo é mostrado nas atitudes de pessoas que precisam sobreviver em um mundo sem governo, sem regras, sem religião e até mesmo com sua ética colocada em xeque.
Assistindo à série pude perceber as semelhanças com o estilo de narrativa de Lost. A série já começa com uma espécie de flashforward do personagem Rick Grames e flashbacks são usados posteriormente para explicar algumas situações.
Além disso, podemos observar outras semelhanças técnicas. O elenco traz muitos personagens apostando, é claro, na diversidade para atingir a maior audiência possível. É por isso que, tanto em Lost quando em The Walking Dead, há crianças, idosos, negros, asiáticos, hispânicos. O preconceito também é mostrado nas duas séries. Sem em Lost havia preconceito contra o árabe e o negro, em TWD aconteceu o mesmo com o personagem de Irone Singleton, T-Dog.

A floresta, tão explorada em Lost, traz momentos de alegria, tensão, suspense e sensualidade também na outra série. Como? Antes de chegar à Atlanta, os sobreviventes podem refugiar-se em uma antiga pedreira, cercada de mata por todos os cantos.
É fácil fazer comparações com os personagens. Guardadas as proporções, mas é possível associar Jack a Rick, Kate à Lori, como a mocinha com grandes defeitos, e Sawyer à Daryl, o caipira grosseiro.
É possível ainda fazer outras grandes análises sobre as duas séries, mas o mais importante é perceber que nenhuma das duas séries projetou o sucesso que teriam. Nem mesmo os produtores esperavam. No começo era apenas uma série sobre uma ilha e um mundo apocalíptico. Depois pudemos observar que as pessoas eram a peça chave de cada série.

Analisar The Walking Dead é mais complicado, afinal até agora só tivemos 6 episódios. A série, no entanto, mostra que tem potencial. Que siga, por que não, o caminho feito por Lost, que em seu último episódio apenas certificou a todos que a série era realmente sobre pessoas. Se ficar ligada à ciência, The Walking Dead pode perder parte do público que quer apenas observar o comportamento de todas aquelas pessoas em um mundo dominado por zumbis.